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ESTUDOS SOBRE LESKOV E SUA ARTE - Livros, Monografias e Artigos

INGLÊS

1. McLEAN Hugh, Nikolai Leskov: The Man and his Art, Londres, Harvard University Press, 1977  780 pages.

 Hugh McLean (1925-2017) foi professor de línguas e literaturas eslavas na Universidade da Califórnia, Berkeley, de1967 até 2017 e um dos mais ilustres estudiosos da literatura russa dos séculos XVIII e XIX do seu país. Seu trabalho acadêmico mais importante é certamente seu livro/monografia sobre Nikolai Leskov que é, nas palavras de seu autor, “uma biografia intelectual interpretativa”, que considera a vida e a obra de Leskov de vários ângulos, buscando a conjunção do contexto social, ético e religioso com “as forças emocionais que governam parcialmente a seleção e a modelagem do material”. Segundo Clarence Brown, da Universidade de Princeton, o livro é produto de grande erudição e crítica sensível e sofisticada que, mais de quarenta anos após sua publicação, continua sendo considerado como o estudo definitivo de Leskov na língua inglesa. 

2. MUCKLE, James Y, Nikolai Leskov and the "spirit of Protestantism" (Birmingham Slavonic monographs)  Department of Russian Language & Literature, 1979.

 Trata-se de sua tese sobre a Rússia do século XIX, o escritor Nikolai Leskov e o Espírito do Protestantismo. O autor agrupa os diferentes ciclos narrativos do escritor e analisa as simpatias e posições dele em relação aos diversos movimentos protestantes e também aquilo que, na própria atitude de Leskov com relação ao cristianismo histórico, pode ser a marca de um espírito protestante no interior da Ortodoxia.

 

3. LANTZ Kenneth A, Nikolay Leskov. NewYork, Twayne Publishers, Boston, G. K. Hall, 1979,

 

Embora curta, é uma monografia útil para uma rápida visão geral da obra e da vida de Leskov. O autor agrupa com habilidade os diferentes ciclos narrativos do escritor.

 

4. SPERRLE, Irmhild Christina. The Organic World of Nikolai Leskov. Studies in Russian Literature and Theory. Evanston : Northwestern University, Press, 2002. 288pp

 

Concentrando-se no movimento e na transformação de "maneira orgânica" - uma maneira pela qual a morte e o renascimento se alternam e se condicionam mutuamente – a autora desenvolve a noção de organicidade de Leskov e explora sua relação com a tradição orgânica na filosofia e na literatura. A sua leitura de textos-chave entre as suas obras implica em um olhar mais atento às ideias de Leskov sobre o Divino como liberdade de crença, sobre a verdade como uma renovação contínua de teorias anteriormente defendidas, e sobre a morte tanto no sentido físico como espiritual. Ela examina a relação controversa de Leskov com as ideias de Tolstoi e mostra como a noção de heresia - como um questionamento e não como uma rejeição da autoridade - é um elemento crucial em sua visão de mundo e em seu trabalho.

FRANCÊS

1. Jean-Claude Marcadé.L’oeuvre de N. S. Leskov: les romans et les chroniques. Tèse de doctorat d’État  soutenue le 10 0ctobre 1987 à l’université de Paris X – Nanterre.  A tese está dividida em três volumes.

Volume I – Leskov romancista.

A problemática do romance e a questão do gênero; comparação com romances de outros autores russos da época; análise do primeiro romance “Sem saída” (Некуда) publicado em 1862; análise do segundo romance “Com as facas desembainhadas” (На ножах) publicado em 1871).

Volume II – Leskov – mestre de uma nova forma narrativa: a crônica.

A crônica como gênero literário; crônica e romance; narradores na crônica. Exemplos em algumas obras; alternância do cômico e do comovente. O humor e a emoção como fontes do sublime. Conclusão.

Volume III – Anotações, anexos, bibliografia das obras utilizadas, índice onomástico.

Jean-Claude é doutor em letras, historiador, tradutor e especialista em vanguarda russa. É diretor emérito do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) na França.É particularmente conhecido pelo seu trabalho sobre Malévitch, pelas inúmeras traduções de textos originais e pelas publicações de monografias em 1990, 2015 e 2016, tendo participado da organização da exposição « De Chagall à Malevitch. La révolution des Avant-gardes » e do catálogo da exposição ocorrida em julho de 2015 para a qual 150 obras foram trazidas de museus russos.

 

Inès Muller de Morogues, L'oeuvre journalistique et littéraire de N. S. Leskov. Bibliographie,

Bern - Frankfurt am Main - New York, Peter Lang, 1984 (Slavica Helvetica).

 

A suiça Inès Muller realizou um trabalho de importância para o estudo das obras de Leskov. Trata-se de uma bibliografia exaustiva de todas as variedades de textos de Leskov que apareceram em jornais, revistas e outros meios.Ela inclui todos os escritos jornalísticos e literários de Leskov publicados com poucas exceções entre 1860 e 1895, e destina-se não só aos que são atraídos pela obra de Leskov, mas também a todos os interessados ​​na realidade russa. do século XIX. Poderia este “bom conhecedor da vida russa”, para usar a expressão de Gorky, não estar atento ao seu tempo e ao seu país? Sua obra jornalística contém todos os materiais que ele irá fundir com sua obra literária. O trabalho de Inès os destaca e os torna acessíveis graças a um sistema de numeração que permite uma fácil utilização dos vários índices:  temático, cronológico, de nomes próprios, lista alfabética de títulos, graças a um sistema de referências cruzadas que nos permite consultar as coleções completas das obras de Leskov. Inès publicou ainda o livro Récits de Gostomiel contendo quatro histórias de Leskov escolhidas e traduzidas por ela mesma, além de sua tese sobre o problema feminino.

 

"Le problème féminin" et les portraits de femmes dans l'œuvre de Nikolaj Leskov / Inès Muller de Morogues. Bern ; Berlin ; Paris : P. Lang, 1991

 

Inès lança luz sobre uma faceta ignorada da obra de Nikolai Leskov: o seu compromisso com a emancipação das mulheres, numa época em que o “problema feminino” deu muito o que falar. O estudo da obra literária e dos escritos jornalísticos, com inúmeras citações cujo texto original se encontra no final do livro, permitiu ao autor esclarecer o pensamento de Leskov sobre a vida social, romântica e espiritual das mulheres e confrontar as posições dos seus contemporâneos. As principais figuras femininas da obra de Leskov teriam então um relevo diferente?

 

Catherine Géry

1.Nikolaï Leskov, Les Dossiers H. Lausanne, L’Âge d’Homme, 2006

Deixando de lado o problema da recepção crítica, a autora optou por evocar outro aspecto da obra de Leskov, que a crítica formalista foi a primeira a destacar de forma positiva: o trabalho do contador de histórias, do portador de histórias, do mascate de histórias à margem da História oficial, que reinveste a literatura na sua função primária, a de contar; o trabalho do “bom falador” com entusiasmo inesgotável que, nas palavras de Tolstoi, conhecia a língua “até a prestidigitação”; o trabalho do “antiquário” e do “isógrafo” que extraiu da arte do ícone ou do lubok (Лубок = espécie de grafismo russo) os eruditos arabescos de suas histórias e seus mosaicos verbais. Uma obra, finalmente, onde o arcaísmo e a modernidade se combinam para anunciar com maestria a prosa do século XX. Remizov, Bábel, Zochchenko ou Pilnak não devem apenas a Leskov o seu gosto pela ornamentação e um certo primitivismo; suas experiências poéticas e narrativas, suas tentativas de renovação de gêneros e também da linguagem da literatura também os tornam dignos herdeiros do autor de O Conto do Canhoto de Toula e da Pulga de Aço e de Gente da Igreja.

 

2.Autour du Skaz : Nicolas Leskov et ses hérities, Paris, Institut d’études slaves, 2008.

O skaz de Leskov e de seus herdeiros nos séculos XX e XXI testemunha a permanência na Rússia de uma cultura da narrativa que consegue sobreviver a todas as tentativas de desconstrução para escrever/contar outra história, à margem da historiografia oficial. No skaz, a própria forma da história e suas modalidades enunciativas se colocam como ferramenta de conhecimento e podem ser assimiladas a uma verdadeira visão de mundo. Através da reabilitação da oralidade e do princípio narrativo na literatura, o skaz oferece reconstruções compensatórias da realidade, susceptíveis de solicitar vários tipos de discurso: encontramos aí misturadas as reminiscências de contos populares, fábulas, lendas, crónicas, textos hagiográficos ou edificantes. Esses gêneros marcados com a chancela do coletivo e da tradição têm sido constantemente revisitados pelos atores da modernidade. Do conto oral tal como foi canonizado por Leskov ao “monólogo do estrado” de Grichkovets, passando pelas tentativas de constituir uma nova prosa soviética no início dos anos vinte, a “ilusão do skaz” (segundo a feliz expressão de Boris Eichenbaum) revelou-se frutífero. A herança não segue apenas uma linha cronológica: é também transcultural (skaz russo-judaico, por exemplo) e pode até reunir vários domínios estéticos, com as noções de skaz cinematográfico ou skaz cênico.

Jogando com códigos conflitantes como o escrito e o oral, o popular e o erudito, o verbo e o gesto, o skaz parece, portanto, dedicado a uma perpétua colocação em perspectiva, que é  enriquecida pelas contribuições da linguística, da filosofia e da teoria de gênero.

 

3.Crime et sexualité dans la culture russe : à propos de la nouvelle de Nikolaï Leskov La Lady Macbeth du district de Mtsensk et de ses adapations, Paris, Honoré Champion, 2014.

A obra compara Lady Macbeth de Leskov,  Katerina Ismaïlova, esposa de um comerciante da região de Orel, com outras mulheres adúlteras e criminosas, no campo da literatura, mas também da ópera, da pintura e do cinema, em diferentes épocas e em vários espaços geográficos. Extraindo Leskov de um contexto exclusivamente nacional onde os formalistas, em particular, o confinaram, assegurando que, através da sua língua, ele era um puro representante da russidade, a análise revela, pelo contrário, uma rica intertextualidade que inscreve "o mais russo dos escritores russos" na história europeia. Além disso, as diferentes formas de adaptação de Lady Macbeth nos diversos campos artísticos comprovam que o autor reorganizou os traços da tradição nacional e europeia num sistema coerente e que foi, de facto, um transmissor da modernidade.

4.Leskov, le conteur. Réflexions sur Nikolaï Leskov, Walter Benjamin et Boris Eichenbaum. Classiques Garnier, Paris, 2017.

Considerando o skaz como uma forma literária na intersecção do texto escrito e da tradição oral e, combinando as abordagens de W. Benjamin (ética do skaz) e B. Eichenbaum (poética do skaz), a obra propõe uma leitura crítica da cultura narrativa russa e da escrita oral.

 

Diretora do  Centre de Recherches Europes-Eurasie, INALCO (Institut National des Langues et civilisations Orientales) e Professora universitária. Em suas áreas de pesquisa encontramos: A obra de Leskov : Novas perspectivas. O skaz (o dito) na literatura russa: funções sociais e poéticas; problemáticas: arcaísmo/modernismo, oral/escrito.

ITALIANO

Leskoviana organizada por D. Cavaion e P. Cazzola), Colóquio. Bolonha, CLUEB, 1982.

No colóquio, os quatro leskovianos presentes abordaram as dificuldades encontradas na tradução de O canhoto (William Edgerton), a recepção crítica de Leskov em seu país e fora dele (Piero Cazzola), a tipologia dos “Justos” (pravedniki) (Danilo Cavaion), as obras inéditas (Jean.-Claude Marcadé). Outros participantes analisaram algumas obras sob vários aspectos.

 

PORTUGUÊS

BENJAMIN Walter, O contador de histórias e outros textos. Organização:  Patrícia Lavelle. Editora Hedra Ltda. São Paulo, 2020

ARTIGOS publicados no Brasil:

- Uma sátira com final melancólico. Noé Oliveira Policarpo Polli, sobre a gênese do conto "O canhoto".

- Alguns procedimentos de N.L. e a dificuldade de sua tradução, Noé Oliveira Policarpo Polli, sobre a transmissão de sentido na tradução do russo ao português.

- O narrador de Walter Benjamin, Camila Pierobon, sobre a obra Lady Macbeth do distrito de Mtzensk.

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